Demain - Michèle Noiret
A partir dos anos 90, muitos coreógrafos franceses desenvolver questionamentos que assentam na intermedialidade. Nas fronteiras da dança e das novas tecnologias, podemos citar Michèle Noiret no seu solo Demain (2009). Ao sonhar com um movimento impossível de ser representado, obriga aqui o espetador a optar entre dança, captação do movimento ou vídeo dança do itinerário que tomará o seu olhar.
Kefer Nahum - Nicole Mossoux e Patrick Bonté
Quanto a Nicole Mossoux e Patrick Bonté, vários dos seus espetáculos fomentam, na fronteira da coreografia e do teatro, uma «inquietante estranheza». Cruzando por vezes a manipulação (objetos, marionetas…), como em Kefar Nahum (2008), fazem nascer imagens escuras, provocando profundas emoções.
La cite radieuse - Frédéric Flamand
Frédéric Flamand, por seu lado, é influenciado pelo teatro mas também pelas artes plásticas. Em busca de uma obra onde fundiriam os seus bailarinos, o vídeo e as ferramentas multimédia, é conhecido pelas suas encenações espetaculares. Com a sua trilogia sobre as cidades (Metapolis, Body/Work/Leisure e Silent Collisions, 2000-2003), procura compreender como as arquiteturas e os fluxos urbanos influenciam os nossos comportamentos e pesam nas nossas motricidades, uma reflexão que se prolonga ainda com La Cité radieuse que criou quando se instalou em Marselha.
Ashes - Koen Augustijnen
A propósito dos coreógrafos flamengos, falava-se ao contrário de uma “estética do choque”. Assim, em Ashes (2010), Koen Augustijnen faz coabitar as circunvoluções sonoras de um soprano e de um contra tenor, dialogando em vários duetos de amor, com uma dança térrea e ao mesmo tempo acrobática. A prioridade deixa de estar na elegância ou na graça de um movimento mas na evidenciação da vitalidade, do reflexo, da animalidade dos corpos. A horizontalidade, a velocidade, o voo e o risco tornam-se novos parâmetros das suas danças.
Pitié - Alain Platel
Alain Platel, ilustra esta tendência (Pitié, 2009) por vezes perto do teatro, onde atores, bailarinos, músicos e artistas plásticos se cruzam em cena. Juntos – através da exploração da narração, dos jogos de identidade e das acumulações de materiais cénicos, tentam exprimir uma realidade crua e poética, abrindo ainda mais possibilidades polissémicas de interpretação dos seus espetáculos.
Rosas danst Rosas e Fase - Anne Teresa De Keersameker
A coreografia Anne Teresa De Keersameker não pode ser resumida à imagem de uma coreógrafa “música” para quem a música constitui um dado fundamental e organizador do seu trabalho, como em Fase (1982) ou Rosas danst Rosas (1983). É esquecer que não cessou – desde as suas primeiras obras – de questionar a literatura, a ópera, o teatro, mas também o cinema transforma a sua obra num verdadeiro puzzle questionando constantemente as fronteiras entre as artes.
Quando l’Uomo principale e una donna – Jan Fabre
Jan Fabre, artista plástico mas, ao mesmo nível, coreógrafo, compõe para o cenário peças que forma um teatro total feito de situações-limite reenviando a visões agitadas do universo. Misturando dança, ópera e imagens plásticas, longe das “bonitas” formas e do “bom” gosto, a fusão das artes que impõe cria violentas controvérsias a seu respeito. O solo Quando l'uomo principale e una donna (2004), dançado por Lisbeth Gruwetz evoluindo nua em azeite, permite-nos através da aposta radical associando visão e olfato, responder a uma questão inimaginável: «a que cheira a dança?».
Kiss and Cry - Michèle Anne De Mey e Jako Van Dormael
No Kiss and Cry de Michèle Anne De Mey e Jako Van Dormael que mistura «nanodança» (ou dança dos dedos) e cinema fabricado em direto. A dança não é dissimulada mas antes apagada: os dois intérpretes, vestidos de preto e frequentemente na penumbra, parecem permanecer em background dos seus respetivos braços que desempenham os papéis principais para a câmara. O objeto do olhar está em constante mutação, entre filme, dança e coreografia de um cinema que se está a fazer.